Quem não está preocupado com a onda de suicídios entre jovens? Segundo ranking divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2014, o Brasil é o 8º país com maior número de suicídios no mundo. O maior número de casos é entre jovens de 15 a 29 anos de idade. Só em 2014 foram 2.898 casos. No terceiro texto do Projeto FE 2017, na série Eu Quero, desejo repartir uma reflexão sobre as causas e soluções desse grave problema.

A seguir transcrevo parte de um manifesto sobre esse tema publicado pela Associação Brasileira de Psiquiatria, na pessoa do Dr Joel Rennó Jr (*).

Nos últimos dias, “jogos” praticados por usuários da internet, os quais envolvem tarefas, cujo ato final inclui a tentativa de suicídio, têm sido destaque na mídia e motivo de grande preocupação para pais, educadores e profissionais de saúde. No entanto, os acontecimentos atuais apenas trouxeram à luz um grave problema de saúde pública, ignorado por muitos, mas motivo de preocupação e trabalho contínuo da ABP e de suas federadas. O suicídio, há anos, é a segunda causa de morte em jovens dos 15 aos 29 anos de idade. Em mulheres, é a principal causa de mortalidade na faixa etária dos 15 aos 19 anos. Apesar de ser o desfecho trágico de um conjunto de fatores – é equivocado e simplista associar o suicídio a uma única causa – estudos mostram que mais de 90% das vítimas apresentavam pelo menos um transtorno psiquiátrico, especialmente a depressão, considerada o principal fator de risco para o suicídio. Embora faça parte da adolescência, a formação de grupos com símbolos e rituais em comum merece cuidado e atenção quando práticas abusivas e/ou danosas para si ou terceiros são compartilhadas. De fato, a participação do jovem nesses grupos, reais ou “virtuais”, pode indicar uma vulnerabilidade prévia a atos impulsivos, além da presença de sintomas depressivos.

Para mim, é muito estranho pensar que a morte tem sido uma opção para os jovens. Na minha época, morte causava medo, não atração. No meu círculo de amigos, gostávamos de celebrar a vida com boas conversas, passeios divertidos e brincadeiras criativas. Em minha família, mesmo com dificuldades, a vida era sempre uma aventura que valia a pena ser realizada. O amor e aconchego eram sempre os propulsores para essa aventura de viver.

Fico pensando, então, que as muitas possibilidades dos tempos de alta tecnologia e vasto entretenimento não trazem tanta satisfação quanto se divulga. A puberdade traz não apenas mudanças físicas. A compreensão de mundo e a percepção da realidade também mudam. Perguntas existenciais se tornam inquietações veementes. Quem sou eu? O que estou fazendo aqui? São perguntas maravilhosas quando existe um ambiente seguro para encontrar respostas. Mas como um jovem pode descobrir quem é num mundo pluralista? As muitas ideias, as muitas possibilidades oferecem muita confusão e nenhuma resposta. Como um adolescente pode descobrir a razão de sua existência numa sociedade imediatista? Num mundo em que o importante é o agora, a busca por significado e propósito parece inútil. A pós-modernidade lançou o mundo em uma frieza de ideias que desconstroem tudo. Não sobrou qualquer porto seguro. Todos os barcos estão à deriva.

Sem respostas coerentes e tantos perigos amplamente divulgados, cresce a cultura “contra a vida”. É verdade que o número de assassinatos (30.000 em 2014) é muito mais alto. Mas as vítimas dessa barbárie não escolheram morrer. Os números do suicídio indicam pessoas que chegaram à triste e equivocada conclusão de que a vida é pior do que a morte e escolheram morrer. Especialistas afirmam que o problema está associado à depressão, abuso de drogas e álcool, além das chamadas questões interpessoais – violência sexual, abusos, violência doméstica e bullying(***). O que precisamos fazer? Não tenho a pretensão de esgotar respostas nem sobre causas, nem sobre soluções. Com toda certeza o teor  do meu texto não é técnico. Escrevo antes de tudo como pai e  como professor com 22 anos de trabalho com jovens. Escrevo também como biólogo, estudioso e amante da vida. Falo como cristão apaixonado pelas respostas que Jesus deu e pela vida que Ele tem nos convidado a viver.

Nossos filhos precisam de respostas. Eles precisam saber quem são e para que estão aqui. Nossos jovens não se contentam mais com as tolices do mundo pós-moderno convivendo com tantas atrocidades sociais. Eles querem significado, sentido, razão para existir. Só em Deus essas respostas podem ser encontradas. Se o autor da vida for ignorado, a vida perderá o sentido. O caos da origem de tudo foi resolvido pelo Criador quando Ele criou. O caos na alma de nossos jovens pode ser resolvido pela experiência com esse mesmo Criador. Ele é o único capaz de acabar com a morte e com a ideia de que ela é a melhor alternativa.  Cada pessoa é única e relevante no projeto de Deus para a Terra. Todos têm dons, habilidades e diferentes características que tornam o mundo um lugar mais rico quando alguém nasce e mais pobre quando alguém morre.

Quero convidar os pais a combater essa onda de morte, com muito amor, muita verdade e principalmente “muito” de Deus. Ele é real, Ele fala e quer responder às perguntas mais importantes da existência. Ele é o caminho para se encontrar a verdade que gera vida. Quem sonhou conosco, desde a eternidade, quer ter o prazer de nos guiar em cada descoberta. Se quisermos vida, precisaremos escolher conhecer Deus. Se viver é a única opção, Jesus tem de ser o único Deus.

Que tal conversar em família?

  1. Em nossa família amamos a vida? Como isso é demonstrado na prática?
  2. O ambiente da família é mais seguro e atraente que o ambiente fora dela?
  3. Conhecemos Jesus e o que Ele ensina sobre a vida ou Ele é apenas uma figura histórica?
  4. Nosso relacionamento com Deus pode se tornar mais real e intenso? Como?

Conte-nos como foi! Mande uma mensagem por ClassApp ou por email:

projetofe@escolacrista.com.br

Um grande abraço,

Tony Felicio

Professor de Valores Para Vida

 

* JOEL RENNÓ JR é Ph.D em Ciências, professor colaborador médico do Departamento de Psiquiatria da FMUSP e diretor do Programa de Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria da USP (IPq-USP). Também coordena a Comissão de Estudos e Pesquisa da Saúde Mental da Mulher da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e é médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein em São Paulo.

** http://emais.estadao.com.br/blogs/joel-renno/por-que-tantos-jovens-tentando-suicidio/

*** http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39672513