Série: Verbos Para Conjugar em Família

Por – Tony Felicio

 

Na tarefa escolar daquele dia, as crianças teriam que escrever a resposta à seguinte pergunta: Como vocês sabem que seus pais os amam? Minha filha de 8 anos respondeu: “Eu sei que eles me amam porque eles me corrigem.”

Vivemos numa sociedade que valoriza muito as liberdades individuais. Isso é, de fato, uma conquista democrática. Ninguém deve ser obrigado a fazer o que sua consciência reprova. O direito de escolha precisa ser garantido. Na verdade, o primeiro a garantir isso foi o próprio Deus quando estabeleceu o livre arbítrio. Há, entretanto, uma diferença gritante entre a maneira de Deus lidar com as escolhas individuais e a maneira como a pós-modernidade defende:  Deus adverte sobre as consequências.

Numa era de imediatismo e hedonismo, o que importa é a sensação agradável do momento,  o prazer de se fazer o que se tem vontade quando se tem vontade. Assim, as pessoas fazem escolhas erradas que trazem terríveis consequências p             ara elas mesmas ou para outros e, ainda assim, celebram o que decidiram por causa da sensação que sentiram no momento.  Essa é a raiz de tantas tragédias sociais que se acumulam na História. Em Ruanda, uma etnia (hutu) se achou no direito de exercer sua liberdade ao fazer justiça e, em nome disso, matou mais de 800. 000 ruandeses de outra etnia (Tutsi). No Brasil, índios que rejeitam crianças portadoras de alguma deficiência, geralmente  porque são frutos de relações extra-conjugais, julgam-se no direito de enterrar essas crianças vivas. Grupos de defesa das ditas liberdades individuais afirmam que isso deve ser permitido pelo governo por se tratar de uma questão cultural.

Esses são apenas dois exemplos das atrocidades irracionais que os homens fazem por causa de seu conceito de liberdade, desprovido de amor e de senso de justiça. Sempre podemos escolher, mas nunca podemos desprezar as consequências de nossas escolhas. Quem escolher se jogar de um edifício de 30 andares, vai morrer ao cair, mesmo que se arrependa quando estiver na altura de 25º andar. A questão fundamental é que a sociedade pós-moderna não reconhece o conceito de pecado.

Essa mesma incoerente sociedade quer reprovar os pais que corrigem, porque dizem que as crianças devem ter liberdade. Quando não corrigimos, estamos entregando nossos filhos às consequências de suas escolhas. Estamos promovendo que eles acreditem em algo que deveriam duvidar. A Bíblia afirma que o coração do homem é enganoso e desesperadamente corrupto. Seguir o coração, então, é seguir a corrupção que tanto falamos contra no âmbito da política. Pecado é tudo que se opõe à natureza e à vontade de Deus.  A palavra pecado significa literalmente errar o alvo. Deus corrige porque sabe que tudo o que é coerente com Sua natureza é bom e tudo que não pertence a Ele é mau. Deus corrige porque Ele ama e sabe o quanto o pecado pode destruir as pessoas. Todo pai e mãe precisam seguir a Deus nessa fé. O sábio Salomão diz que a correção livra a criança de sua malandragem, de sua maldade. É óbvio que corrigir não é algo que um pai amoroso faz sorrindo. Ele sofre junto. Por isso é uma grande demonstração de amor. Ainda que gere sofrimento em quem ama, se produz benefício em quem é amado, quem ama faz. Amar não é deixar o filho fazer tudo como se tudo fosse bom. O bem e o mal, o certo e o errado existem e a base moral de nossos adultos é formada quando ainda são crianças. A ação dos pais precisa ser amar, ensinar, corrigir, perdoar, começar de novo… É assim que nosso Supremo Pai faz.

Crianças corrigidas reconhecem limites e lidam bem com as dificuldades da vida. Crianças entregues a si mesmas crescem inseguras ou seguras demais em seus enganos. Correção que é produto de amor é feita para o bem de quem é corrigido. Por isso nunca é violenta, nunca é autoritária, nunca é ofensiva. A correção tem que ser firme e terna. Seu objetivo nunca é ferir a pessoa, ao contrário, é protegê-la. Vamos a um exemplo simples. Um dia você vê seu filho de 3 anos brincando com fósforo. Aí você acha bonitinho porque ele está descobrindo as coisas. O máximo que você faz é alertar que é perigoso e dizer que ele não pegue mais aquele objeto. Mas o menino segue com sua admiração pelo fósforo e pega novamente e novamente… Um dia ele descobre que se riscar a lateral da caixa vai produzir umas faíscas brilhantes. Você novamente acha bonito e não corrige. O próximo passo é a criança brincar com fogo e se queimar ou queimar outros.  Apenas dar informações positivas não é suficiente para ensinar. A criança necessita de correção. Precisa que a desobediência tenha uma consequência ruim. Assim,  ela vai associar a desobediência ao que ela realmente é: um risco, um problema, um pecado. Lembre-se: a correção estabelece limites, por isso é proteção para a criança. Além disso, a correção refaz o rumo, por isso é direção para a criança. A correção também reforça a formação moral, por isso prepara a criança para a vida em sociedade. O mais importante: a correção, ao confrontar a criança com suas fraquezas, a faz perceber o quanto precisa de Deus.   Crianças não corrigidas se tornam adultos que não respeitam nem pessoas, nem princípios. Por isso existem tanto adultos com dificuldade de relacionamentos e perdidos em relação a seu futuro. Pais que realmente amam, cedo disciplinam seus filhos. Não existe ninguém que ame mais que Deus. Está escrito que Ele repreende o filho que ama. Ele é nosso modelo e nosso capacitador. Assim como Deus ama, n’Ele nós podemos amar. Se Deus corrige, como Ele, nós devemos corrigir. Vejamos algumas formas práticas de correção:

  1. Perda de privilégios – É retirar do filho algo que ele goste por um tempo determinado. Esse tipo de correção é indicado quando o erro não é ligado à rebeldia e quando está ligado ao que se vai perder. Por exemplo: está passando muito tempo com algum tipo de brinquedo ou entretenimento e, por isso, tem deixado de estudar. O filho pode ser privado desse fator de distração até que seu comportamento mude.

 

  1. Tempo de reflexão – É deixar o filho um tempo sozinho para pensar no que fez depois de receber instrução a respeito.

 

  1. Treinamento – É levar o filho a praticar algo que possa ajudá-lo a vencer alguma fraqueza. Por exemplo: Se o filho tem comido além do que é saudável para ele, uma dieta é um treinamento. Se o filho tem esquecido de jogar o lixo fora e essa é uma tarefa atribuída a ele, impedir que ele faça qualquer coisa para si antes de jogar o lixo fora, é um treinamento que vai ensiná-lo a ser responsável e diligente.

Perguntas:

  1. Cada um pode responder: Enquanto filho, como você se sentia ou se sente amado?
  2. Como você relaciona correção à segurança e proteção?
  3. A correção com firmeza e ternura tem sido praticada em nossa casa? Como? Quais efeitos têm produzido?

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Um grande abraço,

Tony Felicio

Professor de Valores Para Vida