A casa destruída

Giovana Tarício

 

É sábado, estou relaxando no sofá da sala assistindo meu filme favorito, depois de uma semana longa e trabalhosa.

De repente o telefone toca. Recebo a notícia, do porteiro do prédio, que meus amigos estão subindo. Oh meu Deus! O problema não são eles e sim seus “anjinhos”, Natan e Gabriel.

Eles sempre destroem as coisas. Da primeira vez foi o sofá , coberto de chocolate, depois minhas bijuterias estouradas.

Escuto a campainha tocar. É aí que caio na real. TOC, TOC

– Gi! Você está aí? Tem alguém em casa?

– Espere um pouquinho, Grasih, já vou! Deixe-me trocar de roupa, acabei de tomar banho.

Em cinco minutos deve dar tempo para esconder as coisas. Coloco os vasos, o giz-de-cera e a caixinha de música em meu quarto e tranco a porta. Ponho os doces nos armários mais altos da cozinha.

Pronto, acho que é tudo. Vou recepcionar Grasiele e João e seus queridos “anjinhos”. Quando abro a porta, as crianças correm rápida e desesperadamente para dentro do meu apartamento, como se não houvesse o amanhã.

Bem na hora em que falo oi para as visitas, um barulho de vidro se quebrando e um grito longo e agudo tomam conta do local.

– Ah, Natan, se machucou, docinho? – a mãe pergunta.

Era um vaso de tulipas que eu tinha esquecido de guardar. Significava muito para mim. Ganhei ele no casamento de minha prima.

E quando ainda estou limpando a sujeira, um barulho muito forte vem da sala. O que vejo é a TV no chão e Gabriel chorando. Grasiele corre parar socorrer.

– Gab, filho, o que acontece? Você está bem?

O menino estava mais do que bem. Só chorou de susto com o barulho. Oh Senhor! Eu comprei essa televisão semana passada!

Cinco segundos depois, ouço algumas risadinhas vindas do quarto de hóspedes. Quando chego lá, é tarde demais. Os dois brincando que estão no Polo Norte. Penas de travesseiro e almofadas voam pelo quaro. É um problema atrás do outro!
– Gisele? Posso dar banho nos meus pequenos aqui?

Não podia negar nada, senão era fim de amizade. Sem perder mais tempo, a mãe corre para o banheiro, tira a roupa dos filhos e os coloca na banheira.

Água para todos os lados, shampoo no chão, na parede, o sabonete francês e perfumado derrubado no vaso sanitário!

Depois de banhados e trocados, finalmente apagados.

– Já vamos embora. – falou João.

– Por que vocês não ficam mais um pouco? – pergunto para ser educada.

– Amanhã nós viremos de novo, Gi, se você quiser.

– Eu adoraria! Mas acabei de lembrar que tenho um compromisso. Fica para próxima. – respondo tentando disfarçar.

Finalmente eles vão embora. Olho para o relógio 23 horas. Só tenho forças para uma coisa. Vou até a sala e no sofá me deixo levar por um sono, do qual eu nunca queria acordar.