Há mais de cinquenta anos um jovem americano de classe média percebeu, ao dar aulas numa pequena pré-escola perto de Los Angeles, Califórnia, um princípio fundamental para a educação e para a própria formação de uma família cristã saudável: a importância da palavra “não”. Criado num lar liberal, cheio de amor e cultura, mas sem muita autoridade, entrou, quando adulto, em muitas coisas erradas e passou por grande angústia (a ponto de duas vezes considerar seriamente a possibilidade de se suicidar).

Enquanto observava as crianças, ele entendeu que grande parte dos problemas vinha sobre ele porque seus pais quase nunca lhe falavam: “Não, João, não faça isto, é errado!” Ao constatar isso, ele começou a praticar o “não” com um dos seus pequenos alunos que estava batendo em um dos coleguinhas. E qual não foi sua surpresa ao perceber que, ao invés de criar aversão por ele, esse menino se tornou um dos seus maiores amigos, seguindo-o pelo pátio na hora do recreio!

A convicção de que o negativo é necessário para a formação do ser humano, de que é um princípio eterno existente no próprio Deus (é a palavra que começa quase todos os Dez Mandamentos), veio a ter efeitos revolucionários na vida de John Walker e de todos seus seis filhos. Eles não tiveram de enfrentar a “escola de duras batidas” que o pai enfrentara, pois ele os disciplinou severamente sempre que aprontavam e, ao mesmo tempo, manifestava o amor intenso de um pai dedicado que se importava com o que se passava em suas mentes e corações.

Em 1964, John Walker veio com sua esposa, Ruth, e os seis filhos para o Brasil, pois não achava que a vida rica e fácil da sociedade americana apresentava desafios suficientes para seus filhos e, como não havia mais o Oeste nos EUA para ser desbravado, resolveu vir para o Centro-Oeste do Brasil. Morou por muitos anos numa pequena cidade em Goiás, chamada Rubiataba, a mais de 300 km de Brasília. Lá, em 1982, começou, numa humilde casa alugada, a primeira Escola Cristã. Nessa escola, a proposta era desenvolver a mesma filosofia que John Walker havia usado com tanto sucesso na criação dos seus filhos – a disciplina para a formação do caráter e a excelência e a aplicação no aprendizado dos conteúdos curriculares. Dois anos depois, um prédio novo e amplo foi construído e a escola ficou muito bem acomodada.

Em 1986, com a maioria dos seus filhos casados com brasileiras, John Walker mudou-se para Jundiaí, SP. Sem nenhuma pretensão de começar uma escola, na verdade, nem sonhando com essa possibilidade, deu um curso a pedido de vários casais sobre os princípios que aplicara na criação de seus filhos. Esse curso durou três meses e foi transformado num livro: “Sete Princípios para a Formação da Família Cristã”. Os casais que participaram ficaram tão impressionados e, ao mesmo tempo, tão preocupados com a perspectiva de ensinarem seus filhos uma coisa em casa e vê-los passar várias horas por dia aprendendo o contrário nas escolas, que decidiram arregaçar as mangas e começar uma escola do nada. Assim, em 1987, nasceu a Escola Cristã Jundiaí.

Pouco tempo depois vários casais da Zona Leste de São Paulo, que haviam participado do curso, vendo a impossibilidade de levantar uma escola em São Paulo, adquiriram uma veraneio adaptada à diesel, fizeram uma escala de pais e trouxeram nove crianças, todo dia, para estudar em Jundiaí. Isso continuou por mais de 5 anos. Nesse meio tempo, uma professora do mesmo bairro de São Paulo e amiga desses pais, após dar aula por dois anos na escola em Jundiaí, mobilizou muitos outros pais para levantar uma escola em Sapopemba, SP, em 1991.

Depois de mais de 35 anos de experiência, a Escola Cristã Jundiaí vê com satisfação os frutos obtidos nesses anos, tanto no aprimoramento de suas técnicas quanto na vida dos alunos que passaram por ela.

Em janeiro de 2000, as Escolas Cristãs de Jundiaí, São Paulo e Baixa Grande fizeram o Primeiro Seminário de Escolas Cristãs e alguns educadores de Botucatu também estiveram presentes. Em seguida, foi iniciada a Escola Cristã em Botucatu. Em janeiro de 2001, foi feito o Segundo Seminário de Escolas Cristãs e a visão de todos os participantes foi aberta para a necessidade de espalhar a semente desse novo estilo de educação para muitos outros lugares no Brasil. A intenção continua a mesma: qualidade em primeiro lugar e somente depois de passos bem firmes, abertura para quantidade.